To be or not to be, eis a questão

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Por Joaci Góes

            Para o amigo Gefeson Mello!

            Quem conhece o mínimo da prática política brasileira sabe que o Governo Lula perdeu as rédeas da situação e marcha para um fim entre sombrio e melancólico, tamanha sua dependência das forças, internas e externas, que não possuem o mínimo de sintonia com sua visão terceiro-mundista de governar. Disso já deixaram claro, em inconfundível linguagem diplomática, os novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado da República, respectivamente o deputado Hugo Mota e o Senador David Alcolumbre. Sem falar nos líderes do Centrão que apoiam o atual Governo, cada qual deixando claro que não apoiarão Lula em suas aspirações de perseguir a reeleição, a cuja relação se acrescenta o Presidente do Solidariedade, o deputado federal Paulinho da Força, que declarou, alto e bom som, que jamais votará, novamente, em Lula da Silva. Antes dele, Gilberto Kassab, Presidente do PSD, desancou Haddad, Ministro da Economia, acusando-o de incapaz de exercer o elevado posto de Ministro da Economia.

Como já vinha sustentando a mídia independente, também aqueloutras, até agora cooptadas por ricas verbas publicitárias, começam a abrir espaços para que se afirme, de modo crescente, que o rei está nu, uma vez que não há mais tempo para a prática de pirotecnias que alterem a imagem terminal de um governo que defende, como base de sua ação, a manutenção de um discurso que promove a continuidade da pobreza como fator de indignação, em seu favor, das parcelas mais pobres da população.

            Lula, agora, vê, como única alternativa que lhe permita continuar o governo medíocre que atrasa o País, a possibilidade de Jair Bolsonaro ultrapassar os processos que perseguem sua inelegibilidade, permitindo-lhe concorrer para, finalmente, ser atropelado por sua olímpica rejeição, como ocorreu nas eleições passadas. Sem dúvida, isoladamente, o maior eleitor do País, Bolsonaro pode vir a dividir, em algum grau, o voto conservador, levando-o a apoiar o petismo, como ocorreu há pouco mais de dois anos.

            Nada há, porém, no horizonte próximo ou remoto, que possa ser identificado com potencial de modificar este panorama de desencanto com o presidente- operário, a cada momento mais distanciado do discurso salvacionista com que construiu sua rocambolesca biografia.

            Misturando, sempre, o que vê com o que deseja, Lula distancia, cada vez mais, o Brasil do mais importante parceiro político-econômico de sua história, os Estados Unidos, tornando-se jagunço dos dois maiores líderes fascistas da atualidade, os presidentes, da Rússia e da China, guardando para si o vexatório papel de agente provocador do Colosso do Norte, como lacaio das aspirações hegemônicas das maiores nações fascistas da História.

            Reconheça-se, em nome da verdade, que o projeto petista de venezuelar o Brasil quase chega lá, desarmando a população, avacalhando as Forças Armadas e cooptando o Poder Judiciário. Não deu e não dará certo. Há nomes de sobra no País para nos libertar desse maniqueísmo que empobrece o debate político e estiola a alma da Nação.

            Para reduzir o impacto do libelo histórico e moral que grassa contra ele, ao atual governo é reservado um momento de grandeza moral para fazer o mea culpa e deixar o Brasil dar um passo adiante na direção do País do Futuro que ainda está muito longe de ser.

            O problema é que não há grandeza disponível para gesto de tamanha nobreza.